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QUANTAS HORAS?



Quantas horas?
O restaurante que fica em um bairro de Aparecida de Goiânia. Tem a simpatia, modelo de classe media. Mais está localizado em um bairro pobre. Fica em uma rua mais ou menos movimentada, é pequeno e limpo. As cores são verde, laranjada e marrom. Ainda no ambiente, não tem música que estronda os ouvidos, mais tem uma caixa de som pequeno, que fica guardada na gaveta. O administrador do restaurante algumas vezes senta-se a mesa da gente, para bater um papo leve, sem intimidades.
Um dia desses o meu relógio parou. Fui perguntar as horas para ele.
E ele titubeou tentando ser simpático, mais ao mesmo tempo enrolando na resposta, odeio quem enrola nas coisas mais simples. Então já olhei para ele, com uma cara de cliente nada amiga. Percebi que ele suava. Achei melhor escutar o que ele queria falar, parecia que a muito tempo não conversava com ninguém e eu chegando recente em Goiás e novata do bairro, parei... Quando morava em Salto de Lontras Paraná, ficava muito só e era difícil conversar com pessoas, mesmo indo para o bar da esquina. Muito famoso da região, surpreendia que ninguém conversava, só tomava uma cerveja de leve.
Muitas vezes, sendo maioria das vezes inventava de convidar esses rapazes que andam na internet procurando uma noite quente, e com medo de ninguém aparecer chamava uns três, tudo no mesmo local e horário. A puta que pariu não comparecia nem um macho para tirar a minha calcinha. Sou feia?   
Não sei, se era só comigo, que ocorria essas historias.  Entendi que precisava sair logo daquela cidade. Alguns lugares não aceitam algumas pessoas. Como vim morar na casa da minha prima, conhecer outras pessoas não seria nada mal, e quem sabe o tempo passa e ela chega.       
Começou ele a balbuciar, falar de uma viagem que ocorreu no ano anterior, - perguntei qual a cidade. Logo me respondeu que tinha ido para fora do país, que se chamava Machu Pichu, sinceramente ele ficou pasmado quando falei que não conhecia. Deu uma pausa longa e voltando bem contente e entrando na sua anormalidade, foi detalhando o lugar, gritava que era muito paradisíaco, me mostrou geograficamente no mapa a localização do império Inca, era um lugar de pouco acesso que os espanhóis não chegaram para devastar  a cultura. O único lugar que estava perdido até pouco tempo. Esse dono do restaurante tinha achado.
No topo da montanha, vários viajantes passavam mal, ficavam mareados quer dizer; tontos, e isso ele falava bracejando  isso tudo a 2400 metros de altitude acima do mar. Eu como nunca sair do Brasil e subir montanhas, não saberia sentir o efeito, que essas pessoas passaram,  imagino que tudo foi nojento e difícil.  
Quem me conhece, percebe que meu olhar não é muito legal quando estou querendo uma resposta e não tenho imediato. Sem me conhecer provavelmente não percebeu, também muitos homens não percebe nada mesmo. Com um suspiro sequencial  sem deixar as palavras ser engolidas pelo ar, emendava no paragrafo  sem dar a minha resposta, que já passava 5 minutos.

Olhando para cima e com a mão no queixo, calculava...  tentando dialogar com o seu subconsciente com a voz baixa ele grugulhava no meio do comercio.  Com o tom mais alto, escutei. “A minha idade não pode corresponder a essa vida, viajei em tantos lugares com horas diferentes”.
Fiquei pirada, por sorte na sua venda tinha acabado a cerveja, quero embebedar. Minha prima nunca chega. É um absurdo, como as pessoas não chegam no horário marcado.
No Peru – são 14:34hs. Iraque que planejo viajar marcava 22:34hs.
Com dedinhos cruzados esperava ele falar as horas do Brasil, desviando o caminho e passando por lombadas passou 30 minutos  falando de sua amiga que morava em  Lisboa-Portugal e ela preocupada com seu marido que não queria ter filhos, ela agora já não sabia como poderia seguir o seu caminho. Estava em uma situação de cheque mate do xadrez.   
Fiquei calada, pensei logo, porque não fala logo essa bosta de horas. Preciso encontrar com a minha prima, que parece que está  dando o bolo. E já está ficando tarde.
finalizando a sua ideia de Portugal me mostrava que lá era as  20:34hs, que portanto aqui corresponderia  quatro horas mais cedo.
Eu Já não aguentava aquela ladainha, levantei da cadeira e fui a porta olhar para cima e para baixo. E com um dinheiro que tinha no meu bolso fui na Lan House que fica na frente do restaurante, para colocar credito no celular. Chegando próximo a atendente já grita que tinha cortado a luz por falta de pagamento.    
Perguntei... Essa nuvem  de Salto de Lontra ainda me persegue? Não posso acreditar.
Vontade era de xingar e gritar para ele me falar logo essa porra de horário. Mas nestes momentos respiro e fico tranquila.
Me fez uma piada que não lembro nem o inicio, logo falou que sua próxima viagem era para o Japão e as horas naquele país  era de 04:34 de sexta feira.
O que me importava era saber do horário do Brasil, de Aparecida de Goiânia. Então sair dali e agradeci por ter me atendido. E se minha prima não chega, preciso caminhar para quem sabe encontrar com ela na estrada.
Ao cumprimentar e virar as costas, a minha prima chega e logo  abracei bem  apertado que ela não entendeu, mais estava muito feliz, o seu rosto tinha perguntas a fazer. 
A Prima Lurdes esperta e com suspeita, preocupada pergunta; está  tudo bem? então fez a  pergunta, quantas horas são?   Lurdes sua prima sem demorar, responde - Não tenho relógio mulher, não lembra que estragou na semana passada. 


     


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