Ninguém...
Hoje sair de casa e percebi que não havia ninguém
na rua, depois de 5 minutos dirigindo o carro.
Achei estranho que não vi nem um
cachorrinho que rondavam na
redondeza, e as praças estavam vazias. Pensei
que era feriado. E cadê aquelas pessoas que estão alegres no meu facebook e
instagram?...
Será que foram engolidas pelas redes sociais?
Será que ninguém
consegue ou não quer sair da prisão de
Narciso. Não encontro ninguém em nenhuma parte. Nem sequer o vizinho que sempre
fica na porta, hoje está ausente.
Depois de 30 minutos que dirigia o meu carro, vejo
um movimento no comercio da avenida W-5, aqui no bairro Santa Luzia, Município
de Aparecida de Goiânia. Era uma mãe com
sua filha, sua filha tentava brincar com
um passarinho preso na gaiola, sua mãe de costa, não conseguia ver o seu rosto,
e o que ela fazia.
Achei estranho, parecia uma cidade fantasma, e
ainda era dia, imaginei tantas coisas. Pensava que ela era uma figurante de um
filme que participávamos e não sabia se isso tudo tinha um roteiro certo para
seguir. Era só eu, perdido?
Talvez por acordar tarde, as coisas aconteceram
antes das 09hs. Será que fui dopado e o monstro das telas não conseguiu me
sugar. Ou será que perdi a minha memoria? Estarei eu fora da realidade?
Será que tenho uma namorada? Quem sabe se já não
tenho filhos ou filhas, e onde estão? Será que foram sugados por este mecanismo
digital?
Não consigo decifrar os enigmas. O mundo se
fechou, estou nesta avenida olhando para cima e para baixo. Voltei a sentar na
minha cadeira e terminei de ler o livro “O Mistério da Casa Verde” de Moacyr
Scliar. Divertir por alguns instantes,
sorrir e conversei com estes papeis. Será que era o inicio da minha loucura, e poderia
agora ser considerado como um louco.
Será que o Doutor Simão Bacamarte tinha levado
todos para a Casa Verde, e não me encontrou? Será que o Alienista está a
procura ou está analisando os minhas doenças mentais, para depois mandar as
pessoas da cidade a minha busca e me queimar na praça a céu aberto.
Acho que isso é coisa da minha cabeça, preciso
respirar. Já anos que não ocorre isso. Estamos em 2019. Na ultima vez que olhei
o calendário. Mas já tem alguns dias, que não olho, e nem pergunto que horas
são, imagina o dia ...
Talvez estou misturando a ficção com a realidade.
Hoje já não falo daquele Sicrano ou Beltrano, falo que estou rodeados de
personagens e que cada um tem as suas mediocridade e a sua perfeição. Quero
encontrar a linha certa para continuar tudo isso.
Ao não encontrar ninguém a mais de 72 horas,
percebo que a qualquer momento o inspetor, ou uma luz que vem de algum mundo, me
capture. Não vai deixar terminar qualquer projeto, em
construção. E como voltarei a escrever e dirigir o meu carro, comer uma
pamonha, fazer uma tapioca sair para os
teatros com um convite especial, ir ao cinema. Como farei? Será que deixo a
minha “meia suja” na janela em um
desespero pulsante, de acreditar que existe o Papai Noel, e que ele encontre nesta janela veneziana, esta meia suja que ganhei do
meu tio a 5 anos atrás.
Papai Noel nunca acreditei em você, principalmente
nunca imaginei vê-lo com aquele trenó, vindo de um planeta, trazendo presentes. Será que agora depois de tantos
anos, este homem é a minha única salvação? Seria este velhinho ou sei lá um
novinho de roupa vermelha, que pegaria as minhas ultimas palavras ou os meus
últimos projetos, com jeito leve para não rasgar, colocaria em um barco de
madeira para navegar neste oceano cego. E quem sabe se ele mudando de ideia,
coloca em sua bolsa, para levar ao seu planeta. E quem sabe dá de presente
alguma pessoa...
Sem acreditar, mas com a esperança que seja o
ultimo homem que possa vim neste mundo, escrevo uma carta:
Papai Noel,
eu sei que o senhor só vem no mês de dezembro. Essa carta escrevo e coloco aqui
nesta meia furada, espero que o senhor encontre.
Nunca pedi nada para o senhor. O senhor
deve ter conhecimento de minha pessoinha.
Acho que perdi minha memoria, estou
confuso, se vivo ou digitalizo a minha imagem.
Não estou
de férias, estou preocupado porque as pessoas sumiram. Quando o senhor aparecer
em Dezembro, talvez já fui capturado por “Allins” ou outro ser estranho, então não
fique espantado, se não tiver ninguém ou só tiver a minha carta. Faça um favor.
Vai no meu escritório e publique os meus textos, que estão na segunda gaveta a
direita. Estes textos são os melhores que escrevi. Se possível faça um livro, é
o único presente que o senhor poderia me dar. Então Papai Noel, como nunca pedi
nada para o senhor. Esse é o meu pedido. Outra coisa, depois que publicar leve
para algum lugar que pessoas leiam. Ficarei vivo, só assim saberei encontrar a
chave do enigma para a realidade da vida.
Alguém bate
na minha porta e preciso atender como um homem educado, mesmo que seja o meu
desaparecimento. Provavelmente chegou alguém, e não saberei dizer quem. A
batida é longa, é diferente, parece que não é de um ser humano.
Aqui deixo
as minhas ultimas mensagens, quero desculpar porque nunca acreditei no senhor,
queria pedir desculpas para tantas pessoas, Mas acho que já não posso. Se eu
for sugado pela internet, vou deixar a minha senha na mesa para o senhor tentar
me resgatar, a se não for por este mecanismo e que seja uma nave, não consigo
deixar nada. Porque não saberei para onde vou, não terei como escapar. Se capturarem e me levar para Casa
Verde, não se esqueça, a cidade se chama
Itaguaí, essa é a única pista que posso lhe dá. O meu endereço estará aqui, no
canto do papel, e quero que o senhor não me
esqueça, e faça os outros lembrar dos meus projetos e das minhas
palavras.
Preciso
abrir a porta. Agora são 18:33 minutos da terça feira do dia 23 que com certeza o ano é 2019.
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