SEM DORMIR
Fiquei horas tentando, fechava os olhos e logo
acordava, remexia na cama, e me cobrir, logo
a mão direita tirava o cobertor. A minha cabeça a mil... Pensava em tantas
coisas. Imaginando tantas situações. Como sou aprendiz de um mestre feiticeiro,
tem horas que precisamos nos perder, mesmo quem não queira que entregamos o
ouro. Faz entender que estamos dispostos a recomeçar.
Um dia conheci um menino, que ainda estava
começando a sua vida. Sem proposito, logo falou. “Jogo para divertir, e não
pela necessidade de ganhar”. Naquele momento ele estava sendo sábio. Não sei se
ainda ele continua com as mesmas ideias. Mas quem sabe algumas vezes, se deixamos
a sabedoria ir atrás do desespero... Quem sabe não vem o consolo...
Já tem algum tempo, que não vejo. Não sei onde
anda esse menino. Que talvez hoje, esse adolescente ou um homem, chupa balinhas
na frente de um sinal de transito e espera a sua vez para passar.
Algumas pessoas crescem, constroem a sua inteligência,
outras demoram muitos anos, foge do seu compromisso. E outras muitas querem chegar
a sua velhice como se nada estivesse ocorrido na sua vida, para depois proclamar na
igreja a sua ida para o céu.
Será que sou capaz de distinguir o torto com o
retângulo, nesta frase que dito, fico zonzo, mais ainda continuo acordado.
E pelas preocupações, falta tanta conta para
pagar, e ainda ter um tempo para se divertir.
Tento dormir pensando nas melhores coisas que
ocorreu na minha semana. – Ainda, sem conseguir. Ligo o som, e nada. A cabeça
não para. Tentei lutar, imaginando uma cachoeira, e aí veio a memoria. Será que
liguei a geladeira? Quando sair da empresa? Que demônio! Neste atormento, tinha
que ser agora? E veio com gosto, sabores que não decifro.
Relutando sentei na beirada da cama. Pensava até
coisas que não devia. - Sair com a primeira mulher que encontrar na madrugada, e
tirar todo esse estresse do corpo. Muito louco esse pensamento... Mas já estou com
duas situações difíceis, uma é dormir e a outra, se vou na empresa conferir se
a geladeira está ligada.
Já são 1:30 da madrugada e a rua está deserta.
Onde está a minha sandália, que há uma semana, não vejo. Vou sem cueca e sem
meia, visto a primeira calça que encontro, nem short estou vestindo mais. Calçar
o tênis que está jogado no meio da sala, encontrar a chave do carro e partir.
Olhando para esses cantos da casa, vejo só
silencio. Será que é por isso que escrevo. Para sentir acompanhado em conversa
comigo mesmo. - Ainda não sei!
A rua de madrugada é deserta com muitas
surpresas, nunca tinha caminhado na madrugada com este proposito. Ligar a geladeira,
poderia ser a tranquilidade do meu corpo? A minha memoria falhava, falhava.
Quando abrir a porta, estava ali do jeito que eu queria.
Foi pela memoria que eu deixei de perceber que
tinha deixado ligado, a rotina transforma um homem. Sempre os meus objetivos
foi ter tempo, não ser escravo do trabalho que gera dinheiro assustador, mas
sim, ser construtor de sonho que precisa de tanta disciplina como todos os
outros trabalhos.
Deitei na cama, olhei para o telhado, já era
tarde, aquele silêncio ainda gritava de
longe
E na medida, ontem assistir um filme que se chamava
“Silêncio” e com meus olhinhos fechando, acho que agora consigo dormir.
Boa noite.
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